É uma das manchetes de hoje na mídia espanhola e, sobretudo, no exterior. O apoio inequívoco ao avançado brasileiro, vítima sistemática de ofensas, xingamentos racistas e desqualificações de certos jornalistas.
Aconteceu no estádio Santiago Bernabéu, onde Vinicius permaneceu na tribuna presidencial, enquanto seus companheiros destacaram a homenagem ao vestir a camisa por um tempo antes do jogo da LaLiga contra o Rayo Vallecano.
O tema acendeu o debate. Poucos se atrevem a não condenar o racismo no esporte, mas permanecem preconceitos importantes dos chamados analistas espanhóis que insistem em relativizar o assunto e focar em detalhes realmente insignificantes.
Antonio García Ferreras, apresentador do espaço Al Rojo Vivo no La Sexta e diretor de televisão, foi lapidar em suas críticas:
“Hoje há quem queira debater se o Vinícius teve ou não de levar o cartão vermelho depois de uma expulsão com imagens manipuladas pelo VAR do Clos Gómez, mais uma, estão a matar o futebol espanhol”, disse, referindo-se a um árbitro de reputação duvidosa e supostamente ligado ao caso de corrupção com o Barcelona.
O que aconteceu no domingo com o brasileiro foi, aparentemente, a gota d’água. Madrid desequilibrado, veloz e também sujeito a protestos, Vinícius é alvo de insultos e gritos racistas nos estádios à porta do Santiago Bernabéu.
Aos 22 anos, o próprio técnico Carlo Ancelotti, grande defensor do brasileiro, reconheceu que às vezes perde a paciência, mas nunca para dar margem a provocações de seus marcadores, muito menos para receber declarações desprezíveis e racistas.
Na véspera, o Comitê de Competições da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) anunciou a sanção contra o clube valenciano com o fechamento do Grada Kempes por cinco jogos por insultar o jogador durante a partida com o Real Madrid no último domingo.
Explicou que decidiu ‘impor uma pena de encerramento parcial do recinto desportivo de Valência pelo período de cinco jogos e uma sanção pecuniária de 45.000 euros pela prática de infrações gravíssimas (…)’.
Por outro lado, a mesma entidade, em parecer inédito, decidiu anular o cartão vermelho que Vinicius viu contra o Valencia.
“Esta Comissão considera credível que a avaliação do árbitro foi determinada pela omissão de todo o set ocorrido, que viciou a decisão arbitral (…)”.
Da mesma forma, a RFEF, a LaLiga e o Conselho Superior do Esportes lançaram uma campanha denominada Juntos contra o Racismo, até ao final da Temporada, que sobram três dias.
Em todas as partidas, os times adversários exibem um enorme pano no qual se lê “Racistas, fora do futebol”.
As críticas do Brasil desencadearam opiniões conflitantes na Espanha, onde seu ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares, afirmou que o assunto é tratado com respeito pela via diplomática.
Não há lugar para o racismo na Espanha, declarou Albares.
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