Falando na reunião de chanceleres dos países Amigos dos Brics, o diplomata destacou que essa tem sido uma reivindicação histórica que une o G77 e o Brics.
A ordem atual, herdeira do colonialismo, raciocinou, assenta em regras, instituições e sistemas comerciais e financeiros que tendem a perpetuar o lucro das antigas potências coloniais e a restringir as oportunidades para as restantes nações.
Isso tende a favorecer as atuais condições de crise econômica, com maior impacto nos países em desenvolvimento, cujas chances de recuperação e progresso são cada vez mais inatingíveis, acrescentou.
Os países do Grupo Brics, continuou o diplomata, podem e devem contribuir significativamente para a necessária reforma do atual sistema financeiro internacional, profundamente injusto, antidemocrático, especulativo e excludente.
Em pleno século XXI, recordou Peñalver, continuam a impor-nos instituições obsoletas herdadas da Guerra Fria e de Bretton Woods, muito afastadas da atual configuração internacional e concebidas para tirar proveito das reservas do Sul, perpetuar o subdesenvolvimento e desequilíbrio e reproduzem seu esquema de colonialismo moderno.
Nesse sentido, acrescentou, a implantação do Novo Banco para o Desenvolvimento dos Brics pode constituir uma importante alternativa para o Sul.
Da mesma forma, a expansão do quadro social do Banco aumentaria sua influência internacional, enquanto seu desenvolvimento institucional contribuiria para mobilizar financiamento e ajudar os países do Sul a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, assegurou.
Em seu discurso, Peñalver destacou a iniciativa dos países do Brics de implementar um amplo mecanismo de reserva de divisas, que garanta segurança e estabilidade ao Sul, bem como o estabelecimento de linhas de crédito mútuo em moedas locais.
Se este mecanismo for estendido a outros países, este processo ajudaria a aliviar os graves desequilíbrios do atual sistema monetário, que mantém o dólar como instrumento de pressão e como arma para impor medidas coercitivas unilaterais, destacou o diplomata cubano.
O G77 e os Brics defendem o uso da ciência, tecnologia e inovação como motores do desenvolvimento sustentável, continuou.
Nesse espírito, disse, Cuba convocou para este ano uma Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do G77 e da China sobre os desafios atuais do desenvolvimento e o papel da ciência, tecnologia e inovação neste contexto, que acontecerá em Havana, em 15 e 16 de setembro.
Em seu discurso, Peñalver expressou que Cuba saúda uma eventual expansão do Brics. Isso contribuiria, sustentou, para reforçar o multilateralismo, o marco institucional e a relevância desse mecanismo no esquema de governança global.
Em aliança, o G77 e os Brics devem continuar seus esforços para garantir maior representação e voz dos países em desenvolvimento nas tomadas de decisões no sistema internacional, destacou.
Somente com uma ação concertada, resumiu, poderemos avançar no caminho do desenvolvimento, em benefício de nossos povos.
Cuba participa da reunião dos Amigos dos Brics na qualidade de presidente do Grupo dos 77 mais a China, nas palavras do primeiro vice-ministro cubano: “o mais amplo e diversificado grupo de nações em desenvolvimento, em tempos de desafios monumentais para nossos países .”
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