Na Universidade Livre de Bruxelas, local do fórum de dois dias, um painel de atores da sociedade civil de vários países abordou a natureza do cerco de 60 anos de Washington e seu impacto na vida cotidiana dos habitantes da ilha.
O vice-reitor da Faculdade de Direito da Universidade de Havana, Yuri Pérez, compartilhou com as dezenas de pessoas presentes em uma das salas da Cúpula os objetivos reais do bloqueio, que são desestabilizar e forçar mudanças políticas na nação antilhana.
Trata-se de um sistema muito complexo de medidas e leis, de natureza unilateral, pois os Estados Unidos não têm capacidade, de acordo com o direito internacional, para aplicá-lo.
O bloqueio, portanto, viola princípios elementares como igualdade soberana, boa fé e não interferência em assuntos internos, advertiu.
Perez também apontou no fórum a violação dos direitos humanos que o bloqueio representa ao atacar setores como saúde e educação, mesmo em meio à pandemia de Covid-19.
Por sua vez, Elisa Muñoz, chefe de treinamento da Medicina para el Pueblo, considerou que o bloqueio dos EUA não afeta apenas os cubanos, pois sua extraterritorialidade impede que o mundo se beneficie das conquistas da ilha, incluindo produtos biotecnológicos para combater doenças.
Durante sua participação no painel, o líder sindical belga do setor metalúrgico, Hilal Sor, afirmou que o bloqueio de Washington é uma resposta ao caminho escolhido por Cuba para construir seu próprio modelo com investimentos em saúde e educação, longe da lógica do mercado.
O imperialismo norte-americano busca destruir um processo que mostra que outro modelo é possível, enfatizou.
O primeiro vice-presidente da associação Cuba Coopération France (CubaCoop), Miguel Quintero, e a presidente da Netzwerk Cuba-Alemanha, Angelica Becker, também condenaram o cerco e seu impacto.
Quintero analisou especialmente o escopo extraterritorial do bloqueio e suas consequências sobre o sistema bancário, com entidades europeias evitando vínculos com o país caribenho por medo das sanções dos EUA.
Em sua participação, ele destacou uma recente petição apresentada pela CubaCoop, juntamente com outras organizações europeias, ao Parlamento Europeu, que a aceitou, para que o velho continente aplique seus mecanismos para proteger suas empresas, bancos e cidadãos de leis extraterritoriais.
O debate no primeiro dia da Cúpula dos Povos abordou o endurecimento do bloqueio imposto a Cuba, com medidas como a inclusão do país na lista unilateral de países patrocinadores do terrorismo, decisão que foi repudiada pelos palestrantes.
Devido ao crime que o bloqueio representa, a líder do Partido da Esquerda Europeia, Maite Mola, exigiu que os Estados Unidos fizessem parte de sua própria lista.
mv/wmr/bm