“É preciso ver a porta que os Brics abriram agora, porque não se deve esquecer que eles estiveram num debate interno para ver se abririam a porta para mais adesões de países, acho que o importante neste Cimeira é que tomaram a decisão de abrir a porta”, disse o ministro das Relações Exteriores, Rogelio Mayta.
Em declarações ao canal estatal Bolivia TV sobre a recém-concluída Cimeira Sul-Africana, o ministro elogiou o fato de Argentina, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egipto, Etiópia e Irão serem aprovados para integrar este grupo a partir de 1 de Janeiro de 2024.
Mayta garantiu que “entre 2023 e 2024 o BRICS vai crescer, provavelmente haverá novos países incluídos. A Bolívia manifestou o desejo de fazer parte do BRICS e bem, acho que isso foi bem recebido pelos países que o compõem Inicialmente, acho que é aí que precisamos mirar, inicialmente, como Bolívia.”
Fontes do Chanceler confirmaram que no dia 12 de julho Arce expressou oficialmente, em mensagem aos líderes do quinteto de nações emergentes, o desejo do Estado Plurinacional de fazer parte deste bloco.
Mayta explicou que é um processo complexo que leva tempo e explicou que as nações recém-admitidas formalizaram os seus pedidos desde 2015.
Com a incorporação dos novos membros, os Brics representam 36% do produto interno bruto mundial e a sua população 46% de todo o mundo.
Convidado por este grupo de países para a sua XV Cimeira, o Presidente Arce, falando no topo da África do Sul, defendeu “a complementaridade, a solidariedade, a inclusão, o consenso, a cooperação mutuamente benéfica, o respeito pela soberania e a autodeterminação dos povos”.
Apelou a que “predomine o multilateralismo horizontal, procurando que a presença e os interesses das economias emergentes desempenhem um papel decisivo na cena internacional”.
No seu discurso, o presidente destacou que a expansão deste grupo de países permitirá às nações aceder aos mercados internacionais sem a necessidade de comprometer a sua dignidade, sem condicionamentos políticos, sanções ou intimidação militarista.
“Acreditamos firmemente que a incorporação da Bolívia ao Brics seria mutuamente benéfica, devido à competição em áreas estratégicas como energia, recursos naturais, agricultura, produção de alimentos para exportação, ciência e tecnologia”, considerou.
Acrescentou que esta etapa proporcionará novas abordagens à cooperação, financiamento e investimentos estratégicos em infra-estruturas críticas para a integração, dada a posição geográfica privilegiada da Bolívia e o seu estatuto como a principal reserva de lítio do mundo.
Em relação a este metal, reiterou que a Bolívia procura parceiros estratégicos para a sua exploração sem que isso aconteça como no passado com a borracha e o estanho, que nas condições do imperialismo só deixaram o país na pobreza.
Arce observou que os Brics têm uma influência econômica cada vez maior num mundo em plena evolução para a multipolaridade, com uma preponderância baseada na economia real com bases sólidas baseadas na produção e na industrialização.
Como ele expressou, a isso se soma o respeito pela natureza e pela Mãe Terra, e por isso a Bolívia quer fazer parte dessas mudanças.
Referindo-se ao Modelo Econômico Social Comunitário Produtivo (Mescp) aplicado pelo seu Governo, sublinhou que, embora o seu país seja de rendimento médio e em desenvolvimento, conseguiu manter o crescimento constante e a estabilidade econômica com justiça social significativa na América Latina e nas Caraíbas.
npg/jpm/ls