Havana, 17 set (Prensa Latina) De Cuba e para o mundo, os países do G77 e a China realizaram uma cúpula histórica, na qual enviaram uma mensagem de unidade àqueles que hoje procuram continuar a impor regras.
“Cabe agora ao Sul mudar as regras do jogo”, foi uma das frases do presidente Miguel Díaz-Canel, que como anfitrião recebeu durante dois dias uma centena de chefes de Estado e de Governo no Palácio das Convenções, na capital.
Na reunião, os países do bloco concordaram sobre a necessidade premente de alcançar uma arquitetura financeira inclusiva.
Olhando para a Assembleia Geral das Nações Unidas, que terá início na próxima terça-feira, múltiplas visões, culturas e vozes (Ásia, África e América Latina e Caribe) reconheceram a partir de Havana que o Sul Global tem muitos desafios pela frente, mas juntos podem cooperar em questões-chave como a que deu origem a este encontro: o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação.
Um documento final traçou as linhas de trabalho a levar a cabo até à próxima Cúpula do Sul, que terá lugar no próximo ano em Kampala, Uganda, na qual os membros deste mecanismo, que integram 134 nações, ratificaram a vontade de reforçar o seu papel no atual contexto internacional.
Tornando-se a capital das vozes do Sul, em Havana o Grupo dos 77 (G77) e a China reforçaram a necessidade de criar estratégias de coordenação para lutar contra as formas imperiais de dominação. Neste sentido, deixaram clara a sua rejeição à imposição de leis e regulamentos com impacto extraterritorial e de medidas econômicas coercivas, que pediram para eliminar agora.
Na adoção final do documento de 47 pontos, consideraram que tais ações não só prejudicam os princípios consagrados na Carta das Nações Unidas e no direito internacional, mas constituem um sério obstáculo ao avanço da ciência, tecnologia e inovação e ao pleno alcance do desenvolvimento econômico e social, especialmente nos países em desenvolvimento.
Entretanto, do Caribe, muitos dos seus membros defenderam uma maior colaboração e financiamento que permitiria o progresso nos seus países, atingidos por catástrofes naturais. Entretanto, os africanos optaram por uma verdadeira reforma para acomodar oportunidades em benefício do Sul Global face à disparidade histórica no acesso ao conhecimento científico e tecnológico.
Também foram ouvidas vozes da Ásia, incluindo da China, que defende colocar o desenvolvimento no centro da agenda internacional e dar maior representação aos países do Sul.
Discursos de vários presidentes como Luis Inácio Lula Da Silva (Brasil), Alberto Fernández (Argentina), Nicolás Maduro (Venezuela), Gustavo Petro (Colômbia) e Xiomara Castro (Honduras), entre outros, marcaram os caminhos a serem seguidos com a América Latina. O compromisso da América em trabalhar juntos.
Cuba, como protagonista do evento, também recebeu grande apoio. Várias nações expressaram a sua condenação unânime do bloqueio ecoôómico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos à ilha durante mais de 60 anos, e elogiaram o seu exemplo no desenvolvimento científico, apesar deste cerco unilateral.
O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, presente na reunião, também elogiou o papel da ilha como sede e concordou com a importância do acesso à ciência, tecnologia e inovação para a promoção dos países do Sul.
A Cúpula de Havana deixou um rastro de momentos importantes. A gigantesca foto oficial, com a representação de uma centena de delegações, endossou um momento de unidade a partir de uma única voz: a do Sul Global.
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