A distinção foi anunciada na véspera na Arábia Saudita, durante a 45ª reunião ampliada do comitê encarregado de escolher os locais reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Em declarações à Rádio Provincia, o neto recuperado pelas Avós da Praça de Maio garantiu que esta decisão faz com que a antiga Escola de Mecânica da Marinha (ESMA), o que nela aconteceu e o que representa, faça parte da memória mundial.
Da mesma forma, destacou que esta distinção é também um reconhecimento da luta social e das ações do Estado argentino para converter um centro de extermínio em um local de denúncia e um teste judicial para ajudar a processar os genocidas.
Por outro lado, a inclusão na lista de Patrimônios da UNESCO permite preservar o sítio e enfrentar os discursos negacionistas de grupos como La Libertad Avanza.
“Esse reconhecimento, para além do simbólico, tem a ver com tudo o que ali se transmite: políticas de memória, de verdade e de justiça. Uma tragédia que representa crimes contra a humanidade torna-se visível num contexto histórico com ações planeadas”, afirmou.
A instalação está localizada no prédio do Cassino dos Oficiais, onde funcionava o centro clandestino de detenção, tortura e extermínio da Escola de Mecânica da Marinha (ESMA), um dos mais de 700 que existiram na Argentina durante a última ditadura cívica – 1983).
O local não foi alterado durante a sua recuperação, mas permanece como foi descrito nos depoimentos dos sobreviventes no chamado Julgamento das Juntas (1985) contra os principais chefes militares daquele período e nos processos retomados a partir de 2004.
Ali foram detidos cerca de cinco mil ativistas políticos e sociais, de organizações revolucionárias – armadas ou não -, trabalhadores, estudantes, profissionais liberais, artistas e religiosos, a maioria dos quais atirados vivos ao mar.
Além disso, centenas de crianças nasceram em cativeiro e foram separadas das suas mães e ilegalmente apropriadas ou roubadas.
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