‘A obra de María Laura Cali estimula-nos nesta causa de procurar justiça, é cruel, é difícil, mas cada vez que volto a ver este filme descubro sempre algo novo, algo que me surpreende sobre o meu filho’, disse Rochetti em entrevista à Prensa Latina.

Após a estreia do filme no país, no dia anterior, a autora de Os dias do jornalista martirizado disse a esta agência noticiosa que, por essa razão, ela e as suas filhas não se vão calar.

‘Continuamos num processo de verdade, memória e justiça, não só para Sebastián, mas para o resto das vítimas dos massacres de 2019 na Bolívia, em Sacaba, Senkata e El Pedregal – sustentou Rochetti -, e também para as outras vítimas que ficaram mutiladas e com sequelas’.

Insistiu que, no dia em que conseguirem uma decisão de justiça, será em nome do resto das vítimas.

Referindo-se ao documentário, considerou que é muito emotivo porque é contado na voz do próprio Moro através de gravações áudio que teve com as suas irmãs e com o autor dos seus dias.

A encenadora, María Laura Cali, conseguiu o que realmente queria ou planeou com esta peça, mostrar não só a atividade jornalística de Sebastián, mas também o que pode sofrer um jornalista que não trabalha para os meios de comunicação social hegemónicos”, sublinhou.

Acrescentou que o seu filho sempre foi um trabalhador precário, desde 2008 até ao dia em que morreu.

Disse que o trabalho de Cali mostra também o lado humano de um jornalista que escolheu esta militância aos 27 ou 28 anos, de uma forma muito mais empenhada, com um percurso político.

A partir daí, quando falamos de militares, é preciso saber para que se milita ou como se milita, porque um verdadeiro militante tem de ter essa estatura, estar sempre na rua e acompanhar os mais vulneráveis”, sublinhou.

Recordou que o seu filho acompanhava sempre as mães cujos filhos e filhas eram assassinados na Argentina e, nesse sentido, dava cobertura aos processos contra a humanidade, para os quais estava profundamente formado em jornalismo de investigação.

Infelizmente, desde a sua morte, tem recebido muito reconhecimento na Argentina e na sua terra natal, Mendoza”, comentou Rochetti, “hoje ocupa um lugar na legislatura provincial como Jornalista do Povo, algo que me deixa orgulhosa porque ele pertencia realmente ao povo”.

Rochetti sublinhou que o título do documentário é um verdadeiro reflexo do seu filho, porque se caracterizava por trabalhar, andar incansavelmente com o seu gravador e a sua mochila, tanto na Argentina como em La Paz, na Bolívia, e depois editorializar.

ro/jpm/glmv