A notícia foi anunciada durante o primeiro dia útil da 18.ª reunião do Comité Intergovernamental da UNESCO para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, e destaca que é o segundo ligado à matemática, já que o único até então correspondia à China.
Pertencente à cultura Cokwe e aos povos Luchazi e Ngangela, estabelecidos no leste do país e nas zonas vizinhas da Zâmbia e da República Democrática do Congo, Sona é considerada uma forma de comunicação para aceder à sabedoria ancestral da tradição Cokwe.
“Inclui aspectos filosóficos, artísticos, educativos e recreativos”, explicou à Prensa Latina a diretora do Instituto Nacional do Patrimônio Cultural, Cecília Gourgel.
Acrescentou que o seu excepcional valor universal se deve ao facto de serem desenhos que demonstram o conhecimento das práticas matemáticas e a experiência vivida por estes povos, que garantem a identidade e a coesão social das comunidades.
Segundo o Jornal de Angola, no processo de candidatura apresentado pelo Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente de Angola, foi destacada a sua presença em trabalhos decorativos, nomeadamente em diversas peças de arte e artesanato.
Ressaltaram ainda que servem de memória na contação de histórias e são uma tradição transmitida às crianças, que aprendem a contar histórias e a desenhar Sona como parte de seu ritual de iniciação, após receberem ensinamentos de mestres ilustradores a quem chamam de akwa kuta sona.
As sona são geralmente gráficos que podem ser desenhados sem levantar o dedo ou passar duas vezes na mesma linha, detalha o processo de candidatura angolana.
Gourgel disse à Prensa Latina que o inventário da Sona foi elaborado em colaboração com a Universidade de Lueji A’Nkonde e uma vez concluído foi declarado Património Cultural Imaterial da Nação Angolana pelo Decreto Executivo 99/21.
No encontro em Kasane, Angola está representada pela Secretária de Estado da Cultura, Maria da Piedade de Jesus; A própria Gourgel e o investigador Jorge Dias Veloso, da Universidade Lueji A’Nkonde, instituição académica responsável pelos trabalhos de resgate do Sona.
Até esta Terça-feira, a nação africana só tinha um sítio reconhecido como património mundial: M’banza Congo, na província do Zaire, que pertence à categoria de Património Cultural Material da Humanidade.
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