Havana, 23 fev (Prensa Latina) O imperativo de fechar linhas contra o avanço do fascismo foi uma reivindicação ratificada pela Rede de Intelectuais em Defesa da Humanidade, com expoentes como os brasileiros Frei Betto e Beto Almeida, reunidos em Cuba.
A 32ª Feira Internacional do Livro de Havana, na sala Nicolás Guillén de La Cabaña, proporcionou nesta quinta-feira a oportunidade de debater desafios e oportunidades da referida Rede no mundo atual, num painel no qual também participaram os relevantes pensadores cubanos Abel Prieto e Fernando Rojas.
Por que o fascismo está avançando atualmente, que passos segue, como vincular uma estratégia de esquerda e pessoas boas para combatê-lo, foram perguntas com inúmeras respostas durante a conversa.
Beto Almeida lembrou que o líder revolucionário Fidel Castro alertou anos atrás sobre o retorno do fascismo (sob outra roupagem) em suposta defesa da democracia.
A este respeito, o intelectual brasileiro acrescentou que esta chamada democracia capitalista tem um elevado grau anticultural e anti-social que não beneficia em nada o povo. Na verdade, ele citou como exemplo o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil e o trabalho de apoio realizado no período pela grande mídia.
Disse isso antes desse avanço neofascista, o arsenal de ideias que a Humanidade já possui deve ser retomado para derrotar este tipo de tendências que só prejudicam as grandes maiorias.
No raciocínio de Almeida está o ensinamento de que as mensagens inseridas nas estratégias dos neofascistas semeiam a ideia de que a solidariedade deve ser descartada, para que prevaleçam apenas o individualismo e a falta de civilização.
Sublinhou que quem quer um mundo melhor deve unir-se mais e profissionalizar cidadãos que levem mensagens de civilização, cultura, valores e soberania para o povo.
Como um desafio pendente enfrentado pela Rede de Intelectuais Em Defesa da Humanidade, o pensador brasileiro mencionou que continua faltando discussão sobre essas questões, e por essa lacuna avançam aqueles que exercem ideias contrárias e neofascistas.
Nessa linha estavam as propostas de Frei Betto, que defendia uma melhor organização da rede em todo o mundo e que fosse mais fácil para qualquer organização que defende uma humanidade mais justa se associar a ela.
A ideia fundamental expressa por Frei Betto é que em cada país seja criada uma equipe digital, especialmente formada por jovens devido à sua facilidade com esta área, para criar uma espécie de fábrica de notícias.
Seria uma equipa articulada entre todos os membros da Rede que sistematiza diariamente a informação, em todos os formatos possíveis, para que as mensagens de defesa da humanidade cheguem a cada um dos povos, sobretudo se tivermos em conta que o imperialista e neofascista é poderoso e criativos para plantar as matrizes que lhes interessam.
Como exemplo, citou famosos desenhos animados norte-americanos que, sem que as pessoas percebam, fazem as crianças crescerem acreditando que as diferenças de classe são normais.
Apelou à esquerda para produzir não só pela razão, mas também para promover a aprendizagem, o sentimento e as emoções corretas.
Estas abordagens também pesaram na intervenção de Abel Prieto, que também denunciou a alarmante impunidade com que o imperialismo actua hoje, especialmente num caso claro como o do genocídio sofrido pela Palestina.
Disse ainda que é preocupante ver jovens no mundo estreando na política com ideias neofascistas e incitação à violência. Nesse sentido, alertou sobre os perigos presentes na Internet e nas redes sociais neste momento, em ambientes onde a calúnia é favorecida a partir do anonimato e da extrema direita é realizado o linchamento de qualquer ideia que defenda a dignidade humana.
Proeminentes pensadores latino-americanos pediram encerramento de linhas para mudar um mundo em que a regressão foi desencadeada em termos culturais e intelectuais e ético.
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