Masetti nasceu em 1929 na cidade de Avellaneda, na província de Buenos Aires, e, além de ser um dos fundadores desse meio de comunicação, deixou uma marca profunda na Argentina, em Cuba e na América Latina.
Ele era uma alma inquieta, inclinada ao misticismo, de preferência autodidata. Aos 15 anos, descobriu o jornalismo como uma aventura e, embora não soubesse, como um destino, disse a pesquisadora María Seoane (1948-2023) em seu livro Che, Masetti, Waslh, Prensa Latina.
Por sua vez, o escritor e professor Hernán Vaca disse que, por sua carreira profissional, seu trabalho e os resultados de sua prática de comunicação, ele deveria ocupar um lugar privilegiado na historiografia da comunicação política da região.
Ele foi um cronista de guerra que se tornou protagonista de uma revolução que marcou a história do continente com sangue e fogo. Ele se destacou como fundador da única agência internacional de notícias na América Latina que competiu em seu próprio campo com os grandes monopólios de notícias, disse ele.
Em entrevista à Prensa Latina, o neto de Masetti, Santiago, lembrou que aprendeu sobre seu trabalho e seu papel como militante revolucionário por meio de histórias de família.
Em 1958, seu avô se tornou o primeiro argentino a chegar à Sierra Maestra e entrevistar Ernesto Guevara (1928-1967) e Fidel Castro (1926-2016) como enviado especial da Radio El Mundo.
A partir de então, sua vida ficou ligada a Cuba e, um ano depois, após o triunfo dos rebeldes, chamou Rodolfo Walsh (1927-1977) para criar, junto com Che, uma agência de notícias a serviço da verdade, da qual ele seria o primeiro diretor.
Assim, em 16 de junho de 1959, nasceu a Prensa Latina, um projeto de comunicação de alcance internacional com uma visão alternativa da realidade da região.
Os valores e os sonhos de Masetti o levaram a realizar várias missões e a entrar na selva de Oran para continuar a luta guerrilheira nessa área de fronteira com a Bolívia, de onde não pôde sair.
Para Santiago, suas lições podem ser resumidas no conceito formulado na inauguração da Prensa Latina: “Somos objetivos, mas não imparciais. Consideramos uma covardia ser imparcial entre o bem e o mal”.
De acordo com a renomada escritora e analista Stella Calloni, essa agência “é um exemplo de ética jornalística, pois respeita o direito das pessoas de receber informações verdadeiras, em um mundo onde o poder hegemônico assume o controle da maioria dos meios de comunicação de massa e das tecnologias, semeando mentiras e ódio”.
Quase 65 anos após sua fundação, a Prensa Latina tem correspondentes em quase 40 países e uma ampla gama de produção de notícias em diferentes formatos e idiomas.
Apesar das adversidades, continua a produzir e transmitir cerca de 400 despachos diários, produz cerca de vinte programas de rádio, trabalha para a televisão e redes sociais, bem como para publicações impressas.
Além disso, promove a cooperação com a mídia de todo o mundo, especialmente do sul global.
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