5 de November de 2024
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Protesto no Brasil contra lei que equipara aborto a assassinato

Protesto no Brasil contra lei que equipara aborto a assassinato

Brasília, 14 jun (Prensa Latina) Milhares de manifestantes realizaram comícios em diferentes capitais do Brasil contra um projeto de lei que está sendo debatido hoje na Câmara dos Deputados e que equipara a homicídio qualquer tipo de aborto realizado depois das 22 semanas.

A pena será de seis a 20 anos para a mulher que realizar o procedimento.

A legislação nacional atualmente permite o aborto em casos decorrentes de estupro.

A interrupção também é legal quando a gravidez apresenta risco de vida para a mãe e no caso de bebês anencéfalos.

Para os manifestantes que tomaram as ruas de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a aprovação da lei colocará em risco a vida de milhares de mulheres brasileiras, especialmente meninas, as principais vítimas de violência sexual no país, além de violar os direitos das mulheres previstos em lei.

Na noite de quarta-feira, a Câmara dos Deputados aprovou a urgência da votação do projeto de lei, o que significa que o texto pode ser votado diretamente no plenário sem passar pela discussão nas comissões.

Em São Paulo, o protesto foi realizado na Avenida Paulista, em frente ao Museu de Arte, sob gritos de “Menina não é mãe”, “Respeitem as mulheres” e “Fora Lira” (Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados).

“Tal projeto de lei é totalmente inconstitucional, pois coloca em risco milhões de meninas que serão obrigadas a se tornar mães dos filhos de seus estupradores e mulheres que serão obrigadas a carregar uma gravidez como vítimas de violência sexual”, disse à Agência Brasil a advogada Rebeca Mendes, diretora executiva do Projeto Vivas.

De acordo com dados do Fórum de Segurança Pública, 74.930 pessoas foram estupradas no Brasil em 2022. Desse total, 61,4% eram meninas ou meninos de até 13 anos de idade.

Outra crítica é que, se o projeto de lei for aprovado, a pena para as mulheres vítimas de estupro será maior do que para os estupradores, já que a punição para o crime de estupro é de 10 anos de prisão e as mulheres que abortam, de acordo com o projeto de lei, podem ser condenadas a até 20 anos de prisão.

“Essa punção lombar protege o estuprador, não a vítima. E isso diz muito sobre nossa sociedade”, disse Mendes.

rgh/ocs/bm

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