Em entrevista concedida ao portal UOL, Lula não detalhou as falas de Milei incluídas nessa demanda, mas fez a afirmação quando questionado sobre as negociações para repatriar do país vizinho cerca de 180 fugitivos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 em Brasília.
“Estamos tratando do assunto da forma mais diplomática possível. Eu não falei com o presidente da Argentina porque acho que ele tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim. Ele disse muita bobagem”, disse o líder progressista na entrevista.
Ele especificou que não será um governante que criará um conflito entre o Brasil e a Argentina. “O povo argentino e o povo brasileiro são mais velhos que os presidentes. Eles querem viver bem, viver em paz”, disse ele.
Sobre os fugitivos, Lula respondeu que espera que eles sejam devolvidos ao Brasil ou, se não for possível, que sejam detidos nos países para onde fugiram.
“Vocês têm uma parte condenada. Essa parte, tanto o meu ministro (Ricardo) Lewandowski (da Justiça), quanto o Andrei (Rodrigues, diretor-geral) da Polícia Federal (PF), mais o Mauro Vieira (chanceler) do Itamaraty, estão discutindo para ver o que segue: se esses caras não quiserem vir, que sejam presos lá (nos países para onde fugiram)”, reiterou.
A PF está usando recursos de inteligência para tentar descobrir quem fugiu, para onde fugiu e onde está no momento.
O Ministério das Relações Exteriores ainda não enviou um pedido de informações ao Paraguai e ao Uruguai sobre os foragidos condenados no caso.
Os investigadores não descartam a possibilidade de os fugitivos terem pedido asilo na Argentina e também de terem cruzado as fronteiras do Uruguai e do Paraguai.
Segundo os fugitivos, é fácil cruzar as demarcações, principalmente a Puente de la Amistad, no Paraguai.
O Brasil está aguardando uma resposta da comissão de refugiados em Buenos Aires para fazer pedidos de repatriação com base nos dados coletados. O governo argentino respondeu que analisará caso a caso os pedidos de proteção de brasileiros no país. O motivo é que o pedido não foi feito por um grupo unificado.
Tampouco há um grande nome entre os fugitivos que permanecem na Argentina, o que poderia causar uma comoção para que a administração de Milei concedesse o pedido de refúgio.
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