Talvez o acontecimento mais significativo até agora tenha sido o anúncio feito na véspera por quatro presidentes de câmara da oposição, que se declararam independentes de qualquer partido político e manifestaram o seu apoio ao candidato oficial Nicolás Maduro, que se candidata à reeleição e ao terceiro mandato consecutivo.
Em reunião convocada pelo Comando Nacional da Campanha Venezuela Nuestra Siglo XXI, no Hotel Meliá Caracas, e também distribuída por meio de comunicado, os prefeitos, dois deles presentes na reunião, anunciaram sua “decisão livre e responsável” de apoiar ao chefe de estado.
Os governantes decidiram “dar um passo em frente para proteger a população que confiou na nossa proposta para governar os destinos”, afirmam no texto os autarcas eleitos em 2021 Juan Carlos Zamora, do município de Tinaco, no estado de Cojedes (noroeste).
Além de Sulme Ávila, de Juan Germán Roscio, San Juan de los Morros, de Guárico; Adrián Azuaje, de Obispos, estado de Barinas (norte); e Pedro Antonio Abreu, município de Rojas, também de Barinas.
Segundo a imprensa internacional e sem poder ser verificado, este negou posteriormente categoricamente ter dado esse passo e afirmou que apoia a candidatura do adversário e candidato a Presidente da Plataforma Unitária Democrática Edmundo González.
“Denunciamos e rejeitamos qualquer tentativa de retorno à diatribe e à violência inúteis como instrumento para obter posições políticas e de poder”, sublinharam no texto.
Os autarcas reconheceram que a violência causou muitos danos, com famílias em luto e imersas na tristeza, devido aos “cálculos tortuosos de alguns que se distanciam do nosso compromisso de servir os nossos eleitores no âmbito da Constituição”.
Expressaram a sua convicção de que, para além de qualquer posição política e ideológica, a Venezuela requer “acordos e planos comuns que nos permitam construir um futuro onde todos nos encaixemos”.
Da mesma forma, declararam que os objetivos comuns que norteiam os seus passos nos próximos anos são “a paz, a estabilidade, a educação, o crescimento econômico, o emprego e o regresso dos nossos filhos”.
“Vamos com Maduro por um futuro melhor e seguro!”
O chefe do Comando de Campanha, Jorge Rodríguez, elogiou a decisão dos autarcas da oposição e quis dizer que o seu gesto foi além das ideologias e posições políticas.
Ele ressaltou que o importante é à Venezuela de paz, unidade e consenso, o que reafirma o que o chefe de Estado propôs para cuidar do país.
Tanto Maduro como os demais candidatos continuaram com suas ações de campanha de proselitismo em todo o país, onde em geral prevalecem as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional Eleitoral, de acordo com o Regulamento dos Processos Eleitorais.
A Prensa Latina pôde testemunhar a sobriedade da propaganda eleitoral, de ambos os lados, durante um passeio, no qual só puderam ver ocasionais cartazes com os rostos de alguns dos candidatos e alguns panfletos distribuídos por apoiadores, como faz o Lápiz Festa, de Antonio Ecarri.
O cenário mais conflituoso, sem dúvida, se expressa através das redes sociais e plataformas digitais. Neste contexto, a denúncia pelos paramilitares colombianos de novos planos da extrema direita venezuelana para gerar violência, atacar o sistema eléctrico e atentar contra a vida do Presidente, aumentou os alarmes sobre as reais intenções deste sector.
Na véspera, o Procurador-Geral Tarek William Saab acrescentou novos elementos sobre as revelações das chamadas Autodefesas Conquistadoras da Serra, que, em declarações separadas datadas de 4 e 6 de julho, expuseram aquele minúsculo setor da oposição.
Explicou que foram realizadas três reuniões na presença do mesmo número de pessoas em La Guajira, Colômbia, e ali pediram a este grupo que atacasse o Presidente em algum ato de rua que ele vem realizando.
Também contra a infraestrutura elétrica deixar boa parte do país sem energia, principalmente no final da campanha eleitoral, que termina no dia 25 de julho.
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