Preparada pelo Movimento Argentino de Solidariedade com Cuba, o Clube de Jornalistas Amigos da ilha, a Associação de Graduados nesse país caribenho e a União de Cubanos Residentes aqui, a carta repudia essa medida, tomada no âmbito da aplicação do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos.
Entre os que assinaram a carta estão o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, a escritora Stella Calloni, o cientista político Atilio Borón e o secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista Jorge Kreyness.
A Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), a CTA-Autônoma, Madres de Plaza de Mayo-Línea Fundadora, a Liga Argentina pelos Direitos Humanos, a Red de Intelectuales y Artistas en Defensa de la Humanidad, a Propuesta Tatu, o Peronismo Revolucionario, entre outros, também expressaram seu apoio ao documento.
Em março passado, a YPF informou a Cubana de sua recusa em continuar fornecendo combustível, em correspondência com o cerco dos EUA, o que levou à suspensão dos voos regulares entre a ilha e a Argentina, que haviam sido mantidos por 39 anos.
Solicitamos a reversão imediata dessa medida, que aplica as leis dos EUA na Argentina, violando nossa Constituição ao se subordinar a um país estrangeiro. Exigimos a intervenção imediata do Executivo por meio da Administração Nacional de Aviação Civil, afirma a carta.
Também afirma que essa decisão afeta, em princípio, mais de cinco mil cubanos residentes nesse país sul-americano e suas famílias na ilha, impedindo reuniões normais entre as famílias.
Também prejudica o comércio com pequenas e médias empresas e, em geral, os cidadãos argentinos que têm o direito inalienável de viajar para qualquer lugar do mundo, acrescenta.
O documento indica que essa ação é aplicada invocando leis extraterritoriais dos EUA, que não são reconhecidas pela legislação argentina e que foram rejeitadas e repudiadas na Assembleia Geral das Nações Unidas em 31 ocasiões.
Aplicar as leis de outro Estado em nosso território é renunciar à nossa soberania, entregar as decisões a cargo do Executivo a um terceiro país e nos tornarmos súditos, o que, de acordo com a nossa Constituição, é nos tornarmos “traidores da pátria”, ressalta.
A decisão tomada é um insulto às relações históricas entre os povos da Argentina e de Cuba. Lembremos que já em 1890 o presidente Miguel Juárez Celman nomeou o herói cubano José Martí como cônsul em Nova York, acrescenta.
Além disso, ele afirma que ambas as nações percorreram um longo caminho em defesa da paz, da liberdade e da independência dos povos de Nossa América.
É por isso que essa atitude inadequada, inexplicável, ridícula e genuflexa, pela qual a YPF se recusa a fornecer combustível à Cubana, deve ser revertida, conclui.
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