De Moraes autorizou Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, e Domingos Brazão, ex-assessor do Tribunal de Contas daquela divisão territorial, a prestarem depoimentos.
As audiências serão realizadas por videoconferência e serão coordenadas pelo Conselho Parlamentar de Ética e Decoro da Câmara.
Barbosa e Brazão, que prestarão depoimento público pela primeira vez, estão detidos desde março por participação no crime.
Treze tiros de uma submetralhadora HK MP5 de alta precisão, usada apenas por forças policiais de elite, atingiram o veículo em que Franco e seu motorista Anderson Gomes viajavam na noite de 14 de março de 2018, no Rio.
A vereadora voltava para casa após participar de um debate com jovens negras, quando seu carro foi baleado: ela levou um tiro na cabeça e o motorista nas costas.
Em junho, Barbosa e Brazão foram indiciados no Supremo pelos crimes de homicídio e organização criminosa.
Além dos dois, o irmão de Domingos, Chiquinho Brazão, deputado federal pelo Rio, também é o responsável pelo derramamento de sangue. Os três negam as acusações.
A Comissão de Ética da Assembleia vai investigar se houve violação do decoro parlamentar no caso de Chiquinho Brazão, por ser acusado de ser um dos autores do ataque.
Após o procedimento, que pode durar até 60 dias, existe a possibilidade de o pedido de cassação do mandato ser levado ao plenário.
Neste caso, seria necessário que a maioria absoluta dos legisladores decidisse pela anulação.
Segundo o deputado Tarcísio Motta, o assassinato teve como objetivo intimidar quem iria confrontar os interesses das milícias do Rio, em decisões políticas.
Vereador daquele território na época do crime, Motta foi ouvido no dia 9 de julho pelo Conselho de Ética como testemunha no processo que pode levar à cassação do mandato de Chiquinho Brazão, que também foi vereador na capital fluminense na A Hora.
As investigações apontam a participação de milicianos das forças de segurança no assassinato. No dia 14 de março de 2019, o policial reformado Ronnie Lessa e o ex-militar Élcio Queiroz foram presos sob a acusação de serem os autores materiais do crime.
O caso Franco teve repercussão internacional e fez da socióloga e feminista um símbolo político na luta pelos direitos humanos e pela maior participação das mulheres negras nos espaços de poder no Brasil.
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