22 de November de 2024
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A ONU superará o gerenciamento de crises no intercâmbio com o Talibã

A ONU superará o gerenciamento de crises no intercâmbio com o Talibã

Nações Unidas, 19 ago (Prensa Latina) O intercâmbio com os talibãs no Afeganistão é um desafio para a ONU, pois a organização insiste na defesa dos direitos das mulheres e outros temas, enquanto as autoridades do país asiático buscam o reconhecimento internacional.

Por ocasião do terceiro aniversário do governo do Talibã, a Organização das Nações Unidas (ONU) mais uma vez colocou suas preocupações na mesa, com o objetivo de avançar em direção ao diálogo.

Embora o fórum político reconheça avanços como a diminuição do cultivo e da produção de drogas, o país asiático é atualmente o único no mundo onde a educação secundária e superior é proibida para mulheres e meninas com mais de 12 anos de idade.

De acordo com a ONU Mulheres, outras medidas do governo talibã privam as mulheres de seus direitos fundamentais e “evisceram sua autonomia”.

Após inúmeros decretos, diretrizes e declarações, as escolhas das mulheres afegãs foram drasticamente reduzidas: se antes elas podiam aspirar à presidência, agora estão proibidas de ir ao mercado, segundo a agência.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) estima que pelo menos 1,4 milhão de meninas não tiveram acesso à educação secundária.

O país abriga cerca de 2,5 milhões de meninas que não frequentam a escola, o que representa 80% das meninas afegãs em idade escolar.

As agências humanitárias concordam com a necessidade de reforçar a ajuda aos civis, afetados pelo aumento dos níveis de pobreza e pelo flagelo dos eventos extremos.

Após duas décadas de ocupação americana, o Talibã assumiu o poder em 2021 em um país sobrecarregado pela guerra, crises induzidas pelo clima, desastres recorrentes, pobreza arraigada e barreiras à participação das mulheres na vida pública.

UMA AMEAÇA ÀS GERAÇÕES FUTURAS

Para a chefe da ONU Mulheres no país, Alison Davidian, as políticas contra os direitos das mulheres ameaçam as gerações futuras.

Nenhuma mulher no Afeganistão está em uma posição de liderança para influenciar a política, seja em nível nacional ou provincial, o que afeta outras áreas da sociedade, denunciou ela.

Outros números da pesquisa confirmam um quadro desolador, com 98% das mulheres entrevistadas relatando influência limitada ou nenhuma influência na tomada de decisões em suas comunidades e 68% considerando sua saúde mental ruim ou muito ruim.

No geral, a tomada de decisões domésticas caiu quase 60% no último ano e quase 8% dos entrevistados disseram conhecer pelo menos uma mulher ou menina que tentou suicídio.

As projeções indicam que 1,1 milhão de meninas afegãs poderão estar fora da escola até 2026 e mais de 100 mil não poderão frequentar a universidade, de acordo com a agência de direitos das mulheres da ONU.

Em sua reunião mais recente, os representantes da organização defenderam uma abordagem passo a passo com as autoridades, sem perder de vista a exigência de maiores garantias para as mulheres.

Embora os representantes afegãos e da sociedade civil não tenham participado das conversas, eles foram o foco de grande parte das negociações.

Para a chefe da Missão de Assistência da ONU no Afeganistão, Roza Otunbayeva, o relacionamento tenso só avançará com vontade suficiente tanto do Talibã quanto da comunidade internacional.

Um acordo entre as partes interessadas só acontecerá se houver grande flexibilidade entre as partes e uma vontade política mais clara de ir além do gerenciamento de crises”, disse ela.

arc/ebr/glmv

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