Registrada em 2012 e de autoria do então deputado federal Eduardo Cunha, destituído em 2016, a PEC garante a inviolabilidade do direito à vida desde a concepção.
“A vida não começa com o nascimento, mas com a concepção”, justificou Cunha na altura.
Na prática, caso esse texto seja aprovado pelo Congresso Nacional, seriam abolidas as autorizações previstas em lei para interromper a gravidez.
O deputado federal Chris Tonietto é relator da PEC de Cunha e já escreveu para votar a favor da proposta.
O Governo ainda pode impedir a votação desta terça-feira.
Isto porque os deputados têm o direito de solicitar audiências, alegando que necessitam de mais tempo para a análise.
O pedido de audiência adia a votação por duas sessões.
Tema tão espinhoso entrou na pauta do Legislativo federal neste ano, quando parlamentares promoveram projeto de lei que equiparava o aborto realizado após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio.
Foram estabelecidas penas de seis a 20 anos de prisão para as mulheres que realizassem tal procedimento.
A Câmara dos Deputados acelerou a tramitação integral deste projeto de lei em uma votação que durou cinco segundos.
Após fortes críticas de movimentos populares e organizações da sociedade civil, o presidente da Câmara, Arthur Lira, decidiu em junho criar uma comissão representativa para discutir o projeto e afirmou que a proposta seria mantida para o segundo semestre.
Até então, esta reunião não registou quaisquer progressos.
O aborto é crime no Brasil, mas existem três situações em que é permitido.
São casos de interrupção legal: anencefalia fetal, ou seja, má formação do cérebro do feto, gravidez que põe em risco a vida da gestante e gravidez resultante de estupro.
A timidez, a desconfiança e a falta de informação sobre os seus direitos fazem com que oito em cada 10 meninas e mulheres, vítimas de violação no país, não procurem a polícia ou um serviço de saúde após sofrerem violência sexual.
No entanto, quase nove em cada 10 brasileiras (87%) estimam que quem está sobrecarregado por uma transgressão deveria ter a opção de abortar, conforme estabelecido em lei, segundo estudo realizado pelos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva.
/ocs/ls