No pior cenário, 236 milhões de mulheres a mais sofrerão insegurança alimentar, disse a oficial de Empoderamento Económico da ONU Mulheres, Jemimah Njuki, numa entrevista recente na quinta-feira.
De acordo com estas estatísticas, 158 milhões de mulheres a mais poderão cair na pobreza devido ao impacto das alterações climáticas no aumento do trabalho de cuidado não remunerado, uma responsabilidade principalmente do setor feminino.
Outros números apontam que as mulheres e as meninas da África Subsariana passam 200 milhões de horas por dia só para buscar água, o que equivale ao tempo de trabalho diário de toda a força de trabalho do Reino Unido.
“Estamos assistindo a enormes retrocessos nos direitos das mulheres”, alertou Njuki numa entrevista à página Web de notícias da ONU sobre os debates estendidos na COP29, em Baku.
Apesar dos avanços registados na educação de menindas e na redução da mortalidade materna e infantil, a ONU Mulheres espera melhores resultados na principal reunião mundial sobre o clima.
“Como pessoas que trabalhamos pela igualdade de gênero, não estamos apenas preocupadas com a quantidade de financiamento climático, mas também com a sua qualidade”, afirmou.
Na quinta-feira, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, previu consequências catastróficas da inação climática, em meio a divergências agudas nas negociações em curso no âmbito da COP.
“O fracasso pode comprometer tanto a ação a curto prazo como a ambição na preparação de novos planos nacionais”, acrescentou o veterano diplomata em uma conversa com a imprensa.
Para o chefe da ONU, é essencial conseguir um pacote financeiro global destinado a mobilizar recursos para os países em desenvolvimento, permitindo-lhes implementar planos de ação climática alinhados com o objetivo de 1,5 graus Celsius.
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