Divulgada em novembro de 2022, a carta dos golpistas pressionava o então comandante do Exército, general Freire Gomes, a aderir à violenta tentativa.
Intitulado “Carta ao Comandante do Exército dos Oficiais Superiores do Ativo Exército Brasileiro”, o documento foi assinado por 37 militares e recebido pelo Tenente Coronel Mauro Cid, assessor do então presidente Jair Bolsonaro (2019-2022).
O texto teceu considerações sobre os compromissos dos fardados com a legalidade e criticou a atuação do Judiciário durante o processo eleitoral.
Ao final da exigência, os policiais indicaram que estão “atentos a tudo o que está acontecendo e que está causando insegurança jurídica e instabilidade política e social no país”.
Uma investigação do Exército concluiu que 12 coronéis, nove tenentes-coronéis, um major, três tenentes e um sargento participaram da redação da carta.
A redação ficou a cargo de quatro coronéis, dois deles da ativa (Alexandre Castilho Bitencourt da Silva e Anderson Lima de Moura) e dois da reserva (Carlos Giovani Delevati Pasini e José Otávio Machado Rezo Cardoso).
Todos foram acusados pelo Exército e pela Polícia Federal (PF).
O Coronel Bitencourt da Silva obteve decisão liminar que suspende, por enquanto, a denúncia do Exército. A reportagem busca contato com os citados.
Segundo as Forças Armadas, os coronéis cometeram dois crimes previstos no Código Penal Militar: a publicação, sem licença oficial, de crítica ao ato de seu superior hierárquico, e a incitação à desobediência e à indisciplina.
A PF acusa os policiais pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e participação em organização criminosa.
Segundo a investigação da PF, o tenente-coronel Araújo Júnior, envolvido na redação do ofício, estimou que uma eventual investigação do caso ocorreria apenas no âmbito da Justiça Militar.
Por estes crimes, um grupo de nove procuradores examina desde 2 de dezembro o inquérito policial que acusou Bolsonaro e outras 36 pessoas de suposta participação na tentativa de golpe de 2022.
Existem três caminhos que o Ministério Público pode seguir com a denúncia em mãos: enviar denúncia, solicitar mais investigações ou arquivar.
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