Em nota ao país, a Frente Nacional em Defesa dos Direitos Econômicos e Sociais (Frenadeso), a respeito da frase sobre a rota interoceânica (“vamos retomá-la”), afirmou que com um governo como o de José Raúl Mulino, de cunho autoritário, totalmente submisso aos gringos, cabe aos panamenhos enfrentar as graves ameaças do magnata republicano de se apoderar do principal ativo econômico do istmo.
“Trump tem aliados internos que já estão começando a tecer uma narrativa que consiste em dar a Trump argumentos de que é verdade que a China tem planos para o Canal para justificar a agressão estadunidense”, observa o texto.
Neste sentido, alertam que internamente procuram enfraquecer e dividir o povo em momentos de lutas patrióticas e populares de suma importância, em momentos em que os governantes no poder não se importam em vender o Canal e a Pátria, desde que preservem seus interesses e continuar acumulando riqueza com o Fundo de Seguridade Social.
Os grupos se manifestaram nesta segunda-feira nas proximidades da residência do novo embaixador designado de Washington, Kevin Moreno, um protesto no qual também pediram a unidade das forças patrióticas, progressistas, democráticas, populares e revolucionárias, e a solidariedade dos povos e organizações irmãs do Sul Global, neste momento crucial da história para confrontar os planos de Trump contra o Panamá.
“Hoje chega um fascista à Casa Branca”, disse no ato o secretário-geral dos Trabalhadores da Construção, Saúl Méndez, que também ameaça tomar o Canal que pertence aos panamenhos, algo semelhante ao que aconteceu em momentos anteriores a invasão militar em 1989 em conluio com a oligarquia genuflexa local.
A posição do povo nasce e renasce de geração em geração, assim como ocorreu a luta contra a mineração de metais a céu aberto em defesa da soberania nacional, destacou o dirigente sindical.
Trump fez seus comentários sobre a hidrovia ao meio-dia de 20 de janeiro, durante sua posse no Capitólio, em Washington.
O presidente repetiu que os Estados Unidos “tolamente” cederam a hidrovia ao Panamá.
Segundo o político republicano, os Estados Unidos gastaram a maior soma de dinheiro de sua história investindo em um projeto como a hidrovia e também perderam 38 mil vidas em sua construção, o que historiadores e ativistas sociais negam.
Por sua vez, na rede social X, o presidente José Raúl Mulino rejeitou categoricamente as palavras de Trump e reiterou o que disse em sua mensagem à Nação em 22 de dezembro: o Canal é e continuará sendo do Panamá.
“O Canal não foi uma concessão de ninguém. Foi o resultado de lutas geracionais que culminaram em 1999, como resultado do tratado Torrijos-Carter”, enfatizou o presidente.
“Desde então até o momento, por 25 anos, sem interrupção, nós o administramos e expandimos com responsabilidade para atender o mundo e seu comércio, incluindo os Estados Unidos”, acrescentou o comunicado.
O Canal do Panamá foi construído pelos Estados Unidos, que o inauguraram em 1914 e o administraram até sua transferência total ao Estado panamenho em 31 de dezembro de 1999, conforme estabelecido nos Tratados Torrijos-Carter, assinados em 7 de setembro de 1977 em Washington por O líder panamenho Omar Torrijos (1929-1981) e o presidente dos EUA Jimmy Carter (1924-2024).
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