“Acordo todo dia com a sensação da PF na porta. Que acusação? Não importa”, confessou Bolsonaro ao canal Auriverde Brasil.
A prisão preventiva no fim do ano passado do general da reserva Walter Braga Netto complica ainda mais a situação do ex-presidente, acusado de suposta participação em um complô golpista para impedir que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegue ao poder em 2022.
Em novembro, a Polícia Federal (PF) apontou o ex-presidente como suposto responsável por orquestrar e dirigir os atos de execução do fracassado plano de golpe, que incluiu tentativas de assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a polícia, Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e Defesa do governo Bolsonaro (2019-2022), teria tido papel fundamental nesses eventos.
A operação policial para sua prisão, realizada no dia 14 de dezembro, atendeu a ordens do STF, que justificou a medida alegando que o chefe militar, que também foi candidato a vice-presidente na chapa eleitoral de Bolsonaro em 2022, obstruiu a coleta de provas e tentou alinhar versões entre os questionados.
Para a PF, o oficial de alta patente tentou manipular detalhes fornecidos pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-assessor de Bolsonaro e colaborador na investigação, mesmo após a soltura deste, em setembro de 2023.
Foi confirmado que Braga Netto forneceu recursos e coordenou ações para executar o esquema violento que incluía o assassinato de autoridades públicas.
Tais ações faziam parte de uma trama maior que investigava o papel de Bolsonaro e seu círculo íntimo nas tentativas de subverter a ordem democrática.
A lei brasileira prevê que o político de extrema direita só poderá ser preso caso o caso tenha andamento e seja protocolada uma denúncia formal que vá além de todas as instâncias judiciais.
No entanto, o andamento das investigações parece apertar o cerco ao ex-presidente, cujo envolvimento continua sob investigação.
Por fim, em 26 de novembro, Moraes encaminhou o relatório do inquérito policial sobre a tentativa de golpe à Procuradoria-Geral da República (PGR).
Em meio a grandes expectativas, meios judiciais indicam que a decisão do Ministério Público sobre indiciar ou não Bolsonaro e outros 39 réus pelo suposto complô contra a democracia só será conhecida em fevereiro.
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