Quarta-feira, Abril 16, 2025
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Figuras de extrema direita francesas polarizam a opinião pública

Paris, 13 abr (Prensa Latina) A líder de extrema direita francesa Marine Le Pen e seu sucessor, Jordan Bardella, confirmaram sua liderança nas eleições presidenciais de 2027 em uma pesquisa divulgada hoje, mas a polarização gerada por suas posições também está se consolidando.

A pouco mais de dois anos de uma eleição na qual Emmanuel Macron, que derrotou Le Pen nos segundos turnos de 2017 e 2022, não poderá mais concorrer, o interesse por essa eleição está começando a crescer, assim como as preocupações daqueles que lamentam a ascensão na Europa de figuras nacionalistas e anti-imigrantes, cuja retórica eles chamam de racista e divisionista.

De acordo com uma pesquisa da Ipsos para o La Tribune Dimanche, qualquer um dos dois líderes do partido identificado com o partido de extrema direita Rally Nacional (RN) deve ser considerado o favorito para o primeiro turno, embora as coisas possam ser diferentes no segundo turno, como foi o caso nas duas últimas eleições presidenciais.

Quando perguntados “Como você reagiria se essas figuras políticas vencessem a presidência em 2027, satisfeitos ou insatisfeitos?”, 34% responderam favoravelmente a uma possível vitória de Bardella, em comparação com 48% que expressaram desaprovação.

Por sua vez, Le Pen recebeu 33% de opiniões positivas e 50% negativas, um quadro bastante semelhante ao de outras pesquisas de opinião, que deram a liderança ao candidato do RN no primeiro turno. Logicamente, os dois representantes não poderão concorrer juntos; será ela ou ele, mas ambos estão em pauta após a recente condenação por desvio de fundos públicos contra a herdeira da controversa Frente Nacional fundada por seu pai, o falecido Jean-Marie Le Pen.

A deputada foi condenada em 31 de março, em um julgamento por corrupção, a quatro anos de prisão, sem internação, e cinco anos de inabilitação política, pena da qual ela recorreu na esperança de que sua participação na corrida eleitoral fosse desbloqueada antes de 2027, da qual foi imediatamente afastada após uma decisão judicial parisiense.

O RN convocou protestos nas ruas e cerrou fileiras em torno de sua líder, mantendo-a como candidata, alegando manipulação política, em meio a acusações de que o partido ataca o sistema de justiça, ignora a separação de poderes e o Estado de Direito e busca se colocar acima da lei.

Embora a nova pesquisa do IFOP ressalte a vantagem de Bardella ou Le Pen, ela também ressalta sua vulnerabilidade no segundo turno, no qual Macron venceu em 2017 e 2022 apelando para uma frente popular para impedir que a extrema direita chegasse ao poder, uma estratégia que alguns acreditam que não será mais tão eficaz.

As atuais crises econômicas e sociais alimentaram o descontentamento popular com os partidos tradicionais e motivaram a busca por alternativas, por mais controversas que sejam. Este cenário explica a ascensão do nacionalismo na Itália, onde Giorgia Meloni lidera o Conselho de Ministros; Hungria, onde Viktor Orbán é primeiro-ministro; Alemanha, Holanda, Romênia, Áustria e Espanha, entre outros países.

Atrás da extrema direita, a pesquisa da Ipsos coloca representantes pró-governo, como os ex-primeiros-ministros Édouard Philippe (31 por cento) e Gabriel Attal (24 por cento), espremidos entre eles pelo ministro conservador do Interior Bruno Retailleau (27).

À esquerda, a pesquisa coloca Raphael Glucksmann e o ex-presidente socialista François Hollande em uma posição melhor. 17% dos entrevistados aprovariam sua vitória, embora a taxa de desaprovação seja alta, 43% e 54%, respectivamente.

Jean-Luc Mélenchon, ex-candidato da La France Insoumise que perdeu por pouco o segundo turno em 2022, aparece na pesquisa da Ipsos com apenas 13% de satisfação se vencer o Palácio do Eliseu, em comparação com 68% que estão insatisfeitos.

Os dissidentes afirmam que não acreditam nesses números, argumentando que Mélenchon é frequentemente maltratado nas pesquisas de opinião, mas lidera a esquerda por uma ampla margem nas pesquisas.

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